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Câmpus Jacareí e Nugs realizam “Mês do Orgulho LGBTQIAPN+”

Atividade acontece nesta terça (28) no auditório do câmpus até às 21h

  • Publicado: Terça, 28 de Junho de 2022, 16h08
  • Última atualização em Sexta, 01 de Julho de 2022, 10h05
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O Câmpus Jacareí, com apoio do Núcleo de Estudos sobre Gênero e Sexualidade (Nugs), realiza nesta terça, 28, o “Mês do Orgulho LGBTQIAPN+”. A atividade, aberta a todos os interessados, segue até às 21h no auditório do câmpus.  

Camila Godoi, promotora popular, baixista da banda Clandestinas (@bandaclandestinas) e militante, abriu o evento com a discussão “Corpos e afetos dissidentes em espaços educativos: acolhimento e fortalecimento para todas/es/os”.  

Docente por 21 anos no ensino superior e ensino médio, Camila, que agora se dedica à música e à  militância, falou sobre a importância da construção horizontal do conhecimento. “O docente não é o detentor de todo o conhecimento. Todos os servidores de uma instituição de ensino fazem parte do processo ensino-aprendizagem. E o conhecimento é construído com a participação de  todas/todos/todes”.  

Ao refletir sobre a questão “Por que tanto medo da gente que é diferente numa sociedade?”, uma das letras da sua banda, Camila destacou a importância das estruturas do racismo, machismo e transfobia para a perpetuação do capitalismo. “O trabalho não remunerado da mulher nos cuidados da família, da casa, da alimentação sob a alegação de que é ‘trabalho de mulher’ é fundamental para que o capitalismo sobreviva”, aponta.  

Camila também falou sobre suas experiências em sala de aula e a importância de promover não só a escuta mas também o acolhimento dos alunos e ainda dos demais funcionários das instituições de ensino, além de apresentar seu trabalho com a música para promover a inclusão e discutir o feminismo, racismo,  comunidade LGBTQIAPN+ e outros grupos ditos minoritários. “O espaço educativo é que tem de correr atrás e acompanhar esses jovens, nós, educadores, temos muito a aprender, o que demanda escuta acolhedora. Nós, educadores, falamos muito e queremos ser escutados na sala de aula, ficamos bravos quando alunos não nos escutam, mas não fomos formados para escuta acolhedora”, avalia. 

O aluno do curso de Pedagogia Bruno Zem contou que foi a primeira vez que participou de um evento com essa temática. “Eu me senti acolhido. Me identifico como Queer e nas escolas por onde passei esse assunto nunca foi discutido, nem na minha família, que é bastante conservadora. Só agora me sinto confortável pra ser quem eu sou e esses momentos são inspiradores para mim como educador. E espero poder trabalhar em um ambiente assim, onde eu possa discutir sobre esse tema e acolher os alunos que se identificam com a pauta”, revela.  

Também a aluna de Pedagogia Juliana Felix enalteceu o evento. “Foi de extrema importância trazer o olhar de uma militante educadora diante dos desafios no ambiente escolar. Enriqueceu minha atuação como educadora no estágio que realizo, onde há um caso de bullying por conta do nome de um aluno. Como mulher preta, periférica e mãe solo foi uma oportunidade ímpar poder trazer minhas filhas, de 5 e 11 anos, para uma palestra com esse conteúdo. É um desafio conversar sobre esse tema. Se a gente não participar de discussões assim, não vamos criar nosso repertório para lutar pelos nossos direitos”, alega. 

Programação 

No período da tarde, a tatuadora, baterista, bióloga e professora de Biologia e Ciências, Melissa Müller, falará sobre “Estudos de gênero na educação: uma questão de visibilidade e respeito às pessoas LGBTQIAPN+”.  

Por fim, Gustavo Henrique, liderança do Coletivo Identidades do IFSP — Câmpus Jacareí, criado recentemente com apoio do NUGS, abordará “A escola garantidora de direitos e o enfrentamento da homotransfobia”.   

Realização 

A parceria do Núcleo de Estudos sobre Gênero e Sexualidade (Nugs) com o Câmpus Jacareí se deu por meio do Comitê Marielle Franco para a Promoção dos Direitos Humanos, Igualdade Étnico-Racial e de Gênero com a organização e participação dos professores Luciano Lira, Renata Plaza Teixeira, Júlia Chagas da Costa Mattos e João  Campinho.

O coordenador do curso de Pedagogia, Luciano Nunes Sanchez Cores, destacou que a atividade é uma demanda institucional, já que o curso recebeu, neste semestre, os primeiros pedidos de uso de nome social por alunos. “Nós temos de nos adequar buscando informação em relação ao uso do nome social. Essas demandas mostram que nós não estamos efetivamente preparados para lidar com a realidade posta e precisamos buscar formação”, relatou. 

Luciano apontou ainda a relevância das discussões para os futuros pedagogos. “O currículo do curso é inclusivo, partimos da perspectiva que os direitos humanos permeiam o curso e, assim, promovemos ações de formação e informação para a inclusão”.  

Márcia Soraya Teani, docente da Licenciatura em Pedagogia, destacou o apoio da direção do câmpus no evento e reforçou a fala da Camila Godoi sobre a importância da instituição como lugar de formar, de informar e de acolher.  

Héctor Luis Baz Reyes, professor de Literatura Infantil, membro do Coletivo Identidades do Câmpus Jacareí, do Nugs e do Núcleo de Apoio à Pessoa com Necessidades Educacionais Específicas (Napne) do IFSP, afirmou que a ideia do evento é incluir, principalmente, aqueles se identificam com o tema, como também os que não participam dessas discussões, além de alunos e docentes de cursos não vinculados com as humanidades e estudantes ingressantes. “Queremos que saibam que não somos uma instituição tecnicista, mas preocupada com a inclusão, que observa questões acerca da diversidade humana. E queremos atingir também os pais dos nossos alunos e de outras instituições e, principalmente, aqueles que estão afastados dessas discussões”.  

Para Héctor, é necessário oferecer aos servidores uma formação continuada a fim de que possam acolher os alunos e as realidades tão diversas que se apresentam. “Temos de entender que primeiro somos seres humanos trabalhando numa instituição pública com alunos de realidades muito diferentes; queremos respeitar todos. Não devemos fazer discursos homogêneos como se todos fossem iguais. Para possibilitarmos esse atendimento individual e respeitoso, temos de fortalecer Ensino, Pesquisa e Extensão. Estamos formando seres humanos nas suas diversidades”, finalizou. 

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